A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CURRÍCULO ESCOLAR


ÍNDICE

INTRODUÇÃO03
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CURRÍCULO ESCOLAR
o   Educação física e a Escola 04
o   Educação física e a Vida das Pessoas06
o   A Educação física e o Currículo 06
CONCLUSÃO09
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS10

1.     INTRODUÇÃO

Existe hoje uma vasta produção académico-científica acerca do esporte, discutindo sua história, seus princípios, suas modalidades, suas dimensões, reconhecendo-o com diversas adjectivações: exporte de lazer, exporte-participação, exporte de rendimento, exporte-performance, exporte espectáculo, exporte educacional e outras.
O exporte é hoje um fenómeno de grande expressividade social, que merece atenção dos estudiosos, inclusive dos que procuram pensar a Educação Física Escolar.
Neste trabalho procuraremos não apenas analisar argumentos e contextos de tais discursos, procurando evidenciar a impossibilidade da Educação Física Escolar vir a tornar posse para descoberta de talentos desportivos, mas também apresentar possibilidades para o tratamento da Educação física no curriculum escolar, baseando-se assim em três pontos fundamentais: Educação Física e a escola, Educação Física e a vida das pessoas e em fim a Educação Física e o currículo


2.     A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CURRÍCULO ESCOLAR

2.1.Educação Física e a escola
    A educação física como parte do currículo educacional é sem dúvida nenhuma, um importante instrumento para que a escola concretize seus objectivos, em particular aqueles relacionados à educação para saúde. Saúde no sentido mais amplo da palavra incluindo aspectos físicos, psicológicos, sociais e afetivos, etc. Esses conhecimentos poderão contribuir para que as pessoas consigam se desenvolver harmonicamente e consigam enfrentar os desafios de nossa sociedade.
    Actualmente vemos uma grande desvalorização da Educação Física na escola, além de pouco comprometimento por parte de professores em tornarem suas aulas atractivas, motivantes e principalmente importantes para a vida do aluno. Muitos daqueles que não frequentam as aulas de educação física na escola, frequentam academias e clubes pagos, não se enquadrando como sedentários, mas somando-se aos que estão descontentes com o ensino da escola por parte dos profissionais que ministram essas aulas.
    Santin (2001), aborda a Educação Física como uma disciplina que ainda não encontrou sua própria identidade de forma autónoma. A história da Educação Física parece arrastar-se de maneira secundária, recebendo de outras instâncias o aval de suas funções, dado este motivo a Educação Física precisa ser "inventada", pois, actualmente, possui um perfil deficiente, parcial, instrumental e serviçal. Até agora foi encarregada de desenvolver corpos saudáveis, fortes, higienizados, disciplinados, dóceis e submissos, no entanto, a Educação Física deve ser "inventada" a partir da própria Educação Física. Santin (2001) ainda conclui que a Educação Física sempre copiou modelos do exterior, como quando ocorreu a importação de modelos de práticas corporais, como os sistemas ginásticos alemão, sueco e o método francês, entre as décadas de 10 e 20, e o método desportivo generalizado, nas décadas de 50 e 60.
    Diante dos problemas que a educação física enfrenta hoje, está a falta de credibilidade nos profissionais que trabalham com esta disciplina. Muitas vezes o descaso é grande e simplesmente o professor "solta a bola para os alunos praticarem suas actividades", sendo facilmente reconhecida a pouca eficiência dos programas de educação física escolar para a formação dos alunos. Devemos atentar para o que aluno espera de uma aula de educação física e quais suas necessidades enquanto ser humano para, a partir disso, haver um planejamento do trabalho. Deveras importante é actuar no sentido de esclarecer os alunos dos benefícios das aulas de educação física e que este consiga vislumbra-los na prática reflectindo em sua qualidade de vida.
    Inúmeros são os problemas que podem afectar uma maior dedicação dos professores, porém devemos crer que um descaso com a disciplina a qual o professor ministra é um descaso com os alunos e consigo mesmo. Sabemos que as actividades dos professores de educação física envolvem muitas vezes horas de esforços, normalmente em trabalhos práticos, em ambientes abertos e nem sempre confortáveis e adequados. Em algumas escolas estes professores não dispõem sequer de mesa e cadeiras para suas tarefas de elaboração do diário de classe. Com isso, os planejamentos, a elaboração do programa, com todas as suas ramificações, tornam-se actividades difíceis e secundárias. Estas considerações são relevantes, porém, quando consta que os objectivos propostos para a educação física escolar não estão sendo totalmente atingidos, as causas precisam ser identificadas e corrigidas, não simplesmente justificadas.
    Hurtado (1988), fala que uma das finalidades da Educação Física é desenvolver e aprimorar as qualidades físicas e psíquicas, indispensáveis à formação integral do homem para a contribuição de uma personalidade emocionalmente equilibrada, socialmente ajustada e funcionalmente desenvolvida. Certamente a exclusão de actividades do Ensino Fundamental, inclusive nas primeiras séries, a oportunidade de desfrutar os benefícios que as aulas de Educação física podem proporcionar, significa provavelmente retardar etapas do desenvolvimento motor das mesmas, o que dificultará a execução de movimentos mais complexos que poderão ser exigidos em futuras actividades.
    Actualmente a Educação Física escolar apresenta-se de certa forma, fortemente fundamentada e teoricamente valorizada por grandes pensadores e educadores, sendo ainda amparada por especifica legislação. Entretanto, nos parece que entre a palavra escrita, o discurso e a situação concreta de seu ensino, incoerências, interpretações erróneas e mesmo desconhecimento se interpõe (Oliveira, Betti e Oliveira, 1988).
    Nossas leituras, práticas pedagógicas e reflexões nos fazem acreditar que a Educação Física escolar se apresenta ainda não adequada. Sua importância no processo de desenvolvimento de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade a agentes activos de suas vidas e saúde parece em muitos momentos ficar apenas no "mundo das ideias". Pensamos que dentre muitos aspectos deficientes a falta de currículos coerentes na escola seja uma das principais.
    Acreditamos ainda, que conceitos como a ética e a historicidade citadas por Bombassaro (1992), como aspectos importantes na actuação profissional de todas as pessoas e mesmo um trabalho de mais qualidade dos conteúdos propriamente ditos da Educação Física, que possibilite uma construção de conhecimentos sólidos, esteja longe da realidade de muitas escolas.

2.2. Educação Física e a vida das pessoas
    A Educação Física, no Brasil, é um dos componentes curriculares obrigatórios no ensino médio e fundamental, sendo reconhecida sua importância educacional por muitos autores. Gallahue e Ozmun (2001) falam de estudos realizados que confirmam a importância do exercício físico para um processo de crescimento e desenvolvimento saudável das crianças do ponto de vista cognitivo, afectivo e motor.
    O ser humano possui uma natural necessidade de movimento e exercício físico, desde o nascimento até a idade avançada. Na sociedade actual, o fenómeno da automação, fruto do desenvolvimento tecnológico e económico, leva os indivíduos ao sedentarismo, tornando difícil o desenvolvimento de suas potencialidades físicas e emocionais. Ao entrarem na escola, alguns alunos já apresentam atrasos motores devido sua poucas vivência de movimento. A imobilidade diante da televisão, o intenso trânsito das ruas, a falta de espaço nas cidades e moradias são algumas das causas (Eckert, 1993; Pieron, 2004).
    O estilo de vida ditado às pessoas por um modelo capitalista com uma enorme necessidade de produção e consumo, não proporciona, espontaneamente, atividades que satisfaçam as necessidades humanas específicas ao campo de desenvolvimento motor. Essa lacuna deverá ser preenchida de alguma forma, ficando mais simples se houver uma conscientização desde os tempos escolares na importância da prática de exercícios físicos e dos momentos de lazer. Isso possui relação com uma prática vista ainda em muitas escolas de uma super valorização do desempenho exportivo, fazendo muitas pessoas criarem aversão às actividades motoras. Não queremos dizer que o exporte, o desempenho não deva existir, porém deve ser trabalhado de uma forma bastante criteriosa, pois quantos de nós queremos ou teremos condições de ser atletas? No entanto, todos queremos ter uma vida saudável.
    Essas questões passam pela forma de vermos a educação. Rossi (1978), considera ser impossível mudar a educação sem ter a oposição sócio-econômica das oligarquias. Sob o capitalismo a educação cria condições para um melhor aproveitamento da mão-de-obra pelo capital, mais qualificada e disposta a aceitar a hierarquia controladora na empresa, a mão-de-obra cumpre seu papel funcional no capital do sistema. A educação é também considerada um instrumento de desenvolvimento económico, de diminuição das diferenças económicas entre indivíduos, de permeabilização das classes sociais dentro de cada sociedade e de estreitamento das distâncias entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Essa avaliação da educação parte da indicação de que as imperfeições da sociedade, como um todo, decorrem, afinal, da ignorância ou dos baixos níveis de cultura do povo e devem ser resolvidas dando-se educação ao povo.
    Santin (1999), fala que é comum vermos pessoas que ao saírem da escola nunca mais praticam nenhum tipo de exercício físico, permanecendo sedentários durante anos e só voltando às práticas exportivas anos mais tarde por problemas de saúde. Assim, neste percurso algo falhou, a escola não conseguiu fazer com o aluno percebesse que o movimento faz parte de sua vida e que as práticas motoras são primordiais na formação de sua corporeidade.
    A preparação dos homens para suas responsabilidades sociais, de acordo com sua posição na sociedade, seu preparo para um bom desempenho de suas funções de cidadão, o desenvolvimento de seu senso de moralidade, enfim, a formação de um "bom carácter", incluem-se, entre as funções da escola.
    Zabala (1998), explica que quando a função social que se atribui ao ensino é a formação integral da pessoa, e a concepção sobre os processos de ensino-aprendizagem é construtivista e de atenção à diversidade podemos ver que os resultados do modelo teórico não podem ser tão uniformes como no modelo tradicional. O objectivo não pode ser a busca da "fórmula magistral", mas a melhora da prática.
    Neste contexto a suposição básica é de que o talento pode ser desenvolvido através de recursos educacionais e que o principal empenho da escola deveria ser o de aumentar a eficiência dos indivíduos ao invés de predizer e selecionar talentos. Esta mudança é em grande parte ditada por modificações verificadas no sistema económico de trabalhadores especializados, em parte, também é conseqüência de uma maior afluência e do desejo de mobilidade social e econômica ascendente por parte de um segmento mais amplo da população. Em quase todos os países do mundo a demanda da educação, em qualquer nível, excede as facilidades e oportunidades disponíveis no momento.

2.3. A Educação Física e o currículo
    A análise do currículo em Educação Física pressupõe uma definição de currículo. O eixo curricular delimita o que a escola pretende explicar aos alunos e até onde a reflexão pedagógica se realiza. A partir dele pode se delinear o quadro curricular, ou seja, a lista de disciplinas, matérias ou actividades curriculares. A formulação de um currículo apropriado determina um avanço teórico-metodológico da área de Educação Física. O currículo, seria um rol de disciplinas, matérias estudadas na escola ou seriação dos estudos; vida e todo o programa da escola. Assim o currículo escolar representaria todo o percurso do homem no seu processo de apreensão do conhecimento científico selecionado pela escola: seu projecto de escolarização.
    Para Soares e colaboradores (1992), currículo significa corrida, caminhada, percurso. Por esta semelhança, currículo escolar representaria a caminhada do homem em busca do conhecimento, que é selecionado na escola, "seu projeto de escolarização", neste a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica.
    Para os mesmos autores o currículo possui uma reflexão pedagógica ampliada e comprometida com os interesses das camadas populares, exigindo uma organização curricular diferente, voltada para a reflexão sobre a realidade. Questionamos que cada disciplina destaque a sua função social no currículo. Buscando assim, sua contribuição para explicação da realidade social e natural a altura do pensamento/reflexão do aluno. Estes conhecimentos disciplinares expressam uma dimensão da "realidade" e não a sua "totalidade". Esta se constrói à medida que o aluno faz uma síntese, no seu pensamento, da contribuição das diferentes ciências para a explicação da realidade. Por isso nenhuma disciplina curricular é construída por si só, permitindo assim a possibilidade de interpretação do aluno, que auxilia na compreensão e explicação da realidade social.
    Oliveira (1987), fala que a Educação Física confunde-se com vários conceitos como: a ginástica, a medicina, a cultura, o jogo, o esporte, a política e à ciência. Mas na verdade a Educação Física é um pouco de cada, pois há uma interdisciplinaridade entre estes conteúdos.    Desta forma uma proposta curricular deverá abranger não somente conteúdos, mas objetivos que se pretendem alcançar com estes conteúdos, e também levar em consideração que os alunos estão inseridos em uma sociedade que influencia em sua forma de viver, de agir e pensar, reflectindo muitas vezes os problemas sociais nas ações das pessoas.
    Saviani (1996), justifica que em relação à educação os problemas sociais-educacionais são vistos como técnicas ineficazes da administração de recursos humanos e financeiros. A elite dominante faz com que acreditamos que, a solução para todos os males da educação, são reformas em métodos e conteúdos curriculares. A solução política, apresentada, aparece como técnica e surge então a idéia de privatização. Neste sentido, Etchepare, Pereira e Zinn (2003), investigando a Educação Física nas séries iniciais, verificaram que, grande parte dos professores, não segue as propostas curriculares das escolas. Assim, de nada adianta uma formulação de currículos adequados se não houver também uma conscientização por parte dos professores e também de toda a comunidade escolar e mais ainda de toda a sociedade no sentido de garantir de todas as formas e efetivação destas propostas. Meurer (2003), fala que a comunidade escolar, muitas vezes reconhece que mudanças são necessárias, porém nem sempre isso se tornam ações concretas. A pesquisadora ainda fala da necessidade dos projetos político-pedagógicos saírem do papel e tornar-se presente no cotidiano através da práxis, de forma que estas tenham relação com ondas de responsabilidade ética de todos os sujeitos implicados e que permitam vislumbrar e assumir mudanças com rigor.
    Observando-se os currículos escolares, verificamos que a Educação Física tornou-se uma simples disciplina ou matéria de ensino como qualquer outra, onde num primeiro momento da pedagogia escolar é vista como recreação e posteriormente, torna-se iniciação exportiva, o que segundo Santin (1995), é sinonimo de axtividades exportivas ou, que é mais sintomático, simples práticas de treinamento. Para o mesmo autor actualmente a Educação Física assumiu um discurso que ressalta seu compromisso social, mesmo sendo sua acção educativa para as diferentes formas de actividades físicas ou práticas exportivas, não pode deixar de se envolver com as questões sociais.

    
3.     CONCLUSÃO
Diante destas leituras e reflexões acreditamos que o caminho para um trabalho de maior qualidade na Educação Física passe por uma reflexão profunda sobre seus meios e objectivos. Acreditamos que foi possível vermos no texto, que os temas Importância da Educação Física no currículo escolar, vida e currículo possuem uma íntima relação e de certa maneira uma interdependência.
Temos em nossas mãos um instrumento poderoso de trabalho: uma disciplina que nos permite tão claramente trabalhar e intervir nos mais diferentes aspectos dos indivíduos desde o social até o motor passando pelo afectivo, psicológico, cognitivo dentro outros. Além disso, suas (práticas de Educação Física) práticas nos permitem trabalhar com estes aspectos relacionadas à uma esfera maior: podemos visualizar nossa sociedade nas práticas motoras, nos jogos, nas competições etc.
Vemos também, a importância de se ter bem claro os conteúdos que serão trabalhados no sentido da disciplina não se tornar uma repetição de práticas muitas vezes sem nenhum significado para nosso aluno. Além dos conteúdos, os currículos devem abarcar os conceitos e concepções das diferentes teorias de ensino e aprendizagem de forma explícita. Além disso, é necessário que sejam criadas condições, pelos diferentes agentes envolvidos nos processos educacionais, que estes conteúdos sejam trabalhados com qualidade e para que as propostas não sejam apenas documentos que só servem para atender a normas institucionais.

4.     REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
·         BOMBASSARO, Luiz C., (1992). As fronteiras da Epistemologia: como se produz o conhecimento. Petrópolis: Vozes.
·         ECKERT, Helen M., (1993). Desenvolvimento Motor. São Paulo: Manole.
·         ETCHEPARE, L.S.; PEREIRA, E. F.; ZINN J. L., (2003). Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental na cidade de Santa Maria - RS. Revista Kinesis. Santa Maria. v. 28 nº 01, p. 38-52.
·         GALLAHUE, David L.; OZMUN, John. C., (2001). Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte.
·         ROSSI, Waldemar, (1978) Capitalismo e educação: contribuição ao estudo crítico da economia da educação capitalista. São Paulo: Ed. Cortez & Moraes.
·         SAVIANI, Dermeval, (1996). Política e Educação no Brasil. 3ª ed. Campinas: Autores Associados.

·         SOARES, Carmen L.; TAFFAREL, Celi. N.Z.; VARJAL, EElizabeth.; FILHO, Lino. C.; ESCOBAR, Micheli. O.; BRACHT, Valter, (1992). Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez.




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